19/10/2016

Produto Nacional: Entrevista com Adriano Siqueira


Sejam bem-vindo a mais um "Produto Nacional".

Hoje, o entrevistado da vez é o simpaticíssimo Adriano Siqueira, já bastante famoso no nosso meio literário, perpetuando os vampiros aqui pelas terras nacionais!

A entrevista está bem bacana e temos algumas curiosidades no final, então bora conferir!


EL&E:Quando você começou a escrever?

A.S.: Comecei a escrever em 1996 quando comprei meu primeiro computador. Naquela época não existia ainda a internet aqui no Brasil, existiam apenas BBS e através desta plataforma comecei a escrever pequenas histórias para o pessoal que apreciava as salas de bate papo. Com estas histórias acabei por conhecer muitos leitores e isso foi um grande impulso para continuar escrevendo. 

EL&E: Como é para você escrever? (O que sente? O que te motiva a contar histórias? O que acredita que elas fazem com quem as lê? Como é seu processo de criação?)
A.S.: Escrever é uma ótima forma de mostrar como o mundo é, mesmo sendo de uma forma fictícia uso muito o cotidiano e seus problemas. O mundo é cheio de curiosidades e pensamentos que nos cercam diariamente e na escrita podemos mostrar estes lados como entretenimento criando situações em um universo diferente. Eu sinto que na escrita me solto mais. Não que eu tenha pensamentos reprimidos, mas fico mais a vontade para colocar os pontos de vistas de outros pensamentos resultando em um grande dialogo filosófico que funciona para compreender mais o mundo que vivemos.
Eu gosto de contar histórias, pois assim os leitores tem uma ideia a mais para pensar. Gosto de brincar com os dois lados da moeda. Gosto de mostrar que os dois lados tem sua própria forma de se acharem certos mesmo errados e isso é que é bom. Mostrar que o lado sombrio nem sempre é sombrio. Isso faz com que o leitor não julgue o vilão sem antes conhecer a sua história. 
Geralmente desenvolvo a história toda primeiro na mente. Costumo pensar na elaboração da história em uma caminhada. Gosto de andar. Na caminhada penso em tudo. Na história toda. Depois chego em casa e escrevo tudo ouvindo algumas músicas que se encaixam com a história.

EL&E: O que inspirou a escrever sobre o universo dos seus livros? 
A.S.: Geralmente a inspiração vem das histórias em quadrinhos que eu lia na década de 70/80 e dos filmes que vi na tv na década de 80. Sou um colecionador e tenho muito material sobre os universos que escrevo. Adoro mostrar que existem mais para se escrever sobre terror e vampiros e por isso estudo muito sobre o tema.  

EL&E: Qual personagem você teve mais prazer em escrever? Por que?
A.S.: As aventuras do vampiro Neculai são as que mais me aprofundei no sentimento do ser humano. Nas histórias deste vampiro eu me aprofundei muito nos desejos e na ambição do ser humano. As histórias deste vampiro estão no blog. http://contosdevampiroseterror.blogspot.com.br/2015/01/as-historias-do-vampiro-neculai-em.html
Em livros as histórias do Cavaleiro Valente são bem românticas e cheias de aventura. O personagem tem que morrer para sair de cada mundo que ele visita. 
As histórias do Lord Dri – (conhecido também por Lorde Danny Ray I) são as que mais escrevi e participou de muitos livros e e-books, o personagem era de um mundoantigo e foi trazido para um mundo atual onde teve que aprender a viver e suas histórias tem muitas aventuras.

EL&E: Na(s) trama da(s) sua(s) história (s) tem algum elemento ou fato que retirou da sua vida pessoal, algum trauma ou experiência marcante fantasiada na narrativa? 
A.S.: Sim tem. As vezes passamos por algo que queremos que outros saibam e quando colocamos isso em uma forma de história fictícia fica como se fosse uma nova história. Só colocar elementos fantásticos nela e temos uma história interessante. 

EL&E: Qual foi o autor ou autora que mais lhe inspirou a escrever? Qual frase ou ação dele (a) que lhe motiva até hoje e que usa como referência de grandes mudanças na literatura? 
A.S.: Arthur Conan Doyle e Ian Fleming foram os meus grandes pais da literatura. 
“Quando você elimina o impossível, o que sobra, por mais improvável que pareça, só pode ser a verdade.”  Arthur Conan Doyle
“Uma vez é coincidência, Duas é casualidade e Três é a ação do inimigo.” Ian Fleming

EL&E: Possui alguma mania ou peculiaridade quando escreve? Por exemplo, coloca um estilo de música especial, se tranca num quarto por horas, faz jejum enquanto escreve um capítulo, escreve de pé, etc. 
A.S.: Geralmente eu escrevo ouvindo músicas, vários estilos dependendo do conto que estou escrevendo. Nos contos que escrevo do vampiro Neculai eu chego a indicar a música para ler a história.

EL&E: Há diversos autores que foram consagrados com um gênero específico de literatura e quando escreveram algo fora disso, não foram tão bem-sucedidos. Hoje, você se imagina escrevendo algo diferente do estilo que vem publicando? E, se sim, como acha que lidaria se o seu novo gênero não fosse tão bem-aceito com o anterior? 
A.S.: Arriscar outro tema do qual não estou acostumado é realmente muito difícil. Já escrevo faz 20 anos sobre vampiros e horror. Vi muitos escritores escrevendo de tudo e mesmo estudando muito o tema não conseguem conquistar o publico. Não é só o estudo que basta, tem que ter um sentimento enraizado e ser familiarizado com o tema. Eu não escreveria algo muito diferente do que já escrevo. Inovo sempre o tema para não ficar repetitivo, mas não vi ainda motivo para mudar de gênero.  

EL&E: Como você publicou seu livro? Como foi o contato com a editora: você a procurou ou ela procurou?
A.S.: A editora me procurou. Isso é raro, eu nunca paguei para escrever um livro. Sempre fui autor convidado ou fui convidado para publicar uma obra. Sempre fui uma pessoa conhecida neste gênero. Sou colecionador, escritor e isso ajudou muito minha carreira de escritor pois conheci muita gente que admiro.

EL&E: Como encara o alto investimento de grandes editoras em livros internacionais? 
A.S.: É algo que invade todos os sistemas existentes. Marca nacional e marca estrangeira, Carro nacional e carro importado.  Música nacional, Filme Nacional. Por que? Por que investem na propaganda tanto e tanto quando é algo estrangeiro e quase não se ouve falar quando é nacional? Existe uma máquina que roda muito para que isso aconteça. Investimento. Investir é difícil. Divulgar um investimento duvidoso é mais difícil ainda. Muito ainda temos que aprender nesta manobra para conquistar um bom espaço no mercado. Acreditar que o campo da divulgação não sobrevive só com pequenos favores. Deve se investir com coragem. E coragem é algo que é raro por aqui. Quando um produto estrangeiro aparece já existe uma manobra muito bem elaborada. Esta manobra é produzida por uma empresa de grande porte com muitos funcionários. Profissionalismo. É o profissionalismo que faz uma boa divulgação. Conhecimento e estratégia ajudam demais. Faz o mundo conhecer o produto. Seja ele qual for, música, filme, livro, etc. Investir nisso e algo raro por aqui. As vezes o produto não tem investimento nenhum em divulgação e isso prejudica a venda. Fazer um livro é uma coisa. Divulga-lo é outra.   

EL&E: Em relação a arte da capa e da parte interna do seu livro, você gerenciou ela meticulosamente ou deu a ideia de como imaginava e criaram para você?
A.S.: Os meus dois livros solos que fiz meu irmão Anderson Siqueira produziu a arte. Gosto de desenhistas e aqui no Brasil existem muitos bons artistas que deveriam ser mais procurados para produzir as capas dos livros de autores nacionais. 

EL&E: Como você, escritor e também amante da literatura, explicaria o fato dos brasileiros lerem tão pouco? Que medidas você acredita que deveriam ser tomadas para melhorar nossa média anual de leitura? 
A.S.: “Um convite para outro universo” chamar desta forma um livro já ajudaria muito a chamar a atenção para alguém que gosta de novidades. Existem formas diversas para chamar um leitor a ler uma certa obra. As vezes a obra citada em algum seriado ou filme já chama a atenção. Outra coisa que poderia ser usada seria a produção audiovisual de um livro. Isso está na moda hoje. Um booktrailer produzido como série ou uma radionovela. Um Telão no centro da cidade mostrando as novidades dos lançamentos de livros. Cheio de booktrailers. Deixa as pessoas curiosas. Tudo hoje em dia é relativamente barato de fazer. Falta coragem. Impulso. Uma boa produtora com esta visão para ajudar. Um grande exemplo disso são a campanha política. Imagina um livro sendo divulgado como panfletos e carros passando o dia todo falando de um certo livro. Ou mesmo campanhas pela TV. Se o livro fosse tratado como propaganda politica chegaria ao público a vontade de ler. Programas de TV conversando com os leitores de um livro específico também atrairia a atenção de novos leitores. Existem formas de atrair alguém para ler um livro. É só ter coragem para elaborá-las.   

EL&E: Se você pudesse falar com um futuro escritor que estivesse com medo de publicar seu projeto, 3 coisas que você diria a ele que só a vida de escritor publicado lhe ensinou?
A.S.: 1 – Existem leitores para todos os gêneros. 
2 – Existem leitores para textos que o próprio escritor escreveu e não gostou.
3 – Nunca deixe de escrever o que pensa, por achar que ninguém entenderia, pois sempre vai ter alguém que pensa na mesma linha do que escreveu e vai se encantar com seus pensamentos. 

EL&E: Como funciona um financiamento coletivo para vocês, escritores, e para nós, ansiosos leitores? Por que investir nesses projetos? 
A.S.: Isso tem se tornado cada vez mais popular hoje em dia. A ajuda de outras pessoas para publicar um livro ou fazer um filme ou comprar um instrumento musical. Isso é uma boa ideia. Acredito que não tenha nada de mais alguém pedir ajuda para realizar o seu sonho. Tem muita gente que aprova isso. Aprendi também que ser orgulhoso hoje em dia não leva a nada. Fica com o seu sonho na gaveta e nunca realiza. Mostrar que tem um projeto que merece atenção já é algo das antigas. Os Patrocinadores fazem isso com os atletas, fórmula 1, etc. Mas tudo tem que ter um lado ruim. As vezes alguém pode fazer isso para arrecadar dinheiro e depois que arrecadou gasta o dinheiro e não realiza nada. Por isso quem está apoiando o projeto e ajudando a divulgar deve ficar de olho para que o realizador realmente cumpra o que prometeu e não fique só na divulgação do projeto.  

EL&E: Deixe um recado aos nossos leitores e aos aspirantes a escritores:
A.S.: Escrever é algo que leva muito tempo. A história criada pode levar meses e as vezes nem temos tempo para escrever. Ficamos a madrugada toda escrevendo, Nos feriados, Nos finais de semana, etc. As vezes tem algo que você quer incluir nos primeiros capítulos do seu livro e tem que ler tudo para ver se isso vai influenciar na história. As vezes você acha um buraco na história. Algo que pode gerar muitas e muitas perguntas. Acertar isso pode levar um bom tempo. Tem ainda o fato de que o editor pode querer que você tire algo do livro por não se encaixar com a editora. Isso também leva um bom tempo. E ainda tem que pensar na capa. A editora pode fazer uma mas você pode não gostar. O título do livro pode ser mudado para algum título da moda para chamar mais a atenção. Isso tudo antes da revisão. A revisão do livro é demorada. E se falar que está tudo bem pode ser surpreendido com o nome do personagem mudado ou o nome do seu mundo completamente alterado. Algo que aprendi é que o livro é apenas uma parte de todo o resto. Quando fazemos um livro temos que pensar em uma sequência. Sim! Pois se o livro for um sucesso o público pode querer a sequencia. Isso pode pegar o escritor de jeito, pois ele não havia pensado em uma sequência. Tudo deve ser feito com carinho. O leitor não gosta de ser enganado e um livro que não é bem amarrado pode deixar o leitor decepcionado. Não se deve vender a imagem do livro como o melhor livro do mundo. Não é a editora e nem o autor que tem que dizer isso. É o leitor. O leitor é a alma do livro. O sentimento dos personagens e da história está nele. Tudo que o livro passa para o leitor deve ser claro e objetivo. Deixar o leitor perdido ou insatisfeito pode acabar com a carreira de um escritor. 
É isso pessoal, Agradeço demais pela entrevista e agradeço também a oportunidade de conversar e mostrar um pouco sobre o meu trabalho. 

Um grande abraço para todos. 



CURIOSIDADES
Livros: autor convidado nas antologias literárias: 
Amor Vampiro - 2008, Draculea - o livro secreto dos vampiros - 2009,
Metamorfose - A fúria dos lobisomens - 2009, Tratado Secreto de Magia - 2010, 
Draculea volume 2 - 2010, Extraneus Volume 2 - 2011, Espectra - 2011, 
E-Book - Psyvamp - 2011, Sociedade das Sombras - 2012, Livro 2013 ano um - 2012, 
S.O.S. A maldição do Titanic - 2012 e Caçadores de Vampiros - 2012  

Os livros solos do autor são:
Adorável Noite -2011 primeiro livro solo Adriano Siqueira (abril/2011 Editora Estronho )
A Maldição do Cavaleiro - 2012 Editora Estronho 

E-BOOK´s gratuitos:
A Deusa dos Vampiros - Adriano Siqueira
http://www.overmundo.com.br/banco/a-deusa-dos-vampiros-por-adriano-siqueira
Uma Vampira na Cidade
http://www.overmundo.com.br/banco/uma-vampira-na-cidade

Prêmios: 
Prêmio Codex 2011 para a antologia "Amor Vampiro" eleito o melhor livro de antologia com vários autores! O livro teve a participação de 7 autores! 

Site: http://contosdevampiroseterror.blogspot.com.br/



E então galera, muito bacana, não é? Eu falo isso toda vez que uma nova entrevista é postada, mas sempre me emociono com este feito e com as palavras dos autores!
É muito... lindo a maneira com que podemos conhecer um pouco mais sobre eles... esse contato mais direto e legal.

E o que vocês acharam? Comenta aqui, contando tudinho pra gente! Sugiram tópicos também, para esse ou outros quadros do blog e não deixem de conhecerem nossa page e nosso Instagram.

Carinhosamente,
Equipe EL&E

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